terça-feira, 23 de julho de 2019

COISAS QUE APRENDI VIAJANDO SOZINHA




Cenário de Game of Thrones, Irlanda do Norte



A ideia de se aventurar em um destino sozinha pode ser aterrorizador para a maioria das pessoas. Confesso que tive muitos receios antes de começar a me jogar no mundo, sem companhia. Eram muitas as inseguranças e falta de informação, o que me impedia de embarcar no modo 'solo', desde o medo de me perder, até ser roubada ou sofrer um acidente em um lugar desconhecido. 

Aqui está uma lista de lições aprendidas durante esses anos de aventuras por esse mundo:

1. Para vencer o medo, é preciso encará-lo


Nova York
É normal sentir receio de encarar uma nova aventura, mas o arrependimento de não ter feito o que se tem vontade, no final da vida, pode ser ainda mais frustrante. Uma boa dica é começar com um destino próximo, caso a pessoa não se sinta seguro ainda, e de lá partir para um lugar mais distante. Há muitos relatos de pessoas em blogs, páginas, grupos, que podem ajudá-lo a tomar coragem e cair no mundo.

2. Um bom planejamento evita muitos problemas


Em um hospital no Chile, depois de ser atendida

Para mim, a melhor parte da viagem é o planejamento, desde a escolha do destino e compra de passagem, até a reserva de hotéis e passeios. Gosto de anotar o itinerário da viagem, com os endereços e horários de voos, dicas de passeios, restaurantes etc. Envio uma cópia desse itinerário para as pessoas próximas, assim elas saberão onde estarei durante toda a viagem. Nunca passei por situações críticas, porém estive em lugares com nevascas, enchentes, apagões e até risco de atentado. Sinto-me segura compartilhando o roteiro com familiares.
É indispensável um bom seguro de viagem com cobertura completa. Para quem tem cartão de crédito, pode entrar em contato com o banco, para verificar se há esse seguro e qual a cobertura, se o atendimento é pago imediatamente pela empresa ou por reembolso. Nunca viajo sem seguro, pois já precisei acionar em uma viagem para o Chile. Caí na rua e quebrei dois dedos da mão, e isso teria sido um transtorno se não tivesse seguro. Fui atendida, tirei raio-x, tive a mão enfaixada e liberada, sem pagar nada. Até os remédios e curativos da farmácia foram reembolsados na volta da viagem. 

3. Estudar o lugar com antecedência poupa tempo

Dublin

Apurei o senso de direção com as viagens e, hoje, antes de chegar à cidade, pesquiso em sites, blogs, peço dicas para as pessoas que já foram e faço uma lista dos passeios e lugares para conhecer. Começo pelos arredores do hotel e vejo as possibilidades de deslocamento, o transporte público, mercados, restaurantes etc. Peço sugestões ao pessoal do hotel e pego os panfletos disponíveis na recepção, inclusive mapas de papel. Sou fã das novas tecnologias, no entanto não abro mão dos mapas, que também podem ser encontrados nas estações de trem e metrô, ou nos centros de informação turística.

4. Eu sou a minha melhor companhia
Wicklow, Irlanda. Cenário do film P.S. Eu te amo

Não há nada melhor do que poder entrar em uma loja e ter todo o tempo do mundo para olhar, sem ninguém na porta olhando o relógio. Não viajo para comprar, mas gosto de saber como as pessoas se vestem, o que elas comem, e entender o modo de vida e a cultura dos moradores. Pesquisa etnográfica, como diz o meu tio antropólogo.
Há dias em que acordo e tenho vontade de ficar um pouco mais na cama do hotel e descansar do dia intenso anterior, olhar as fotos, ou mesmo planejar algo fora do roteiro. 
Muitas vezes, vou a um lugar e quero ficar mais tempo ali, deixando de ir a outro previsto para o dia, porque achei interessante. Gosto de sentar no banco de um parque e ver as pessoas passando, ver os pássaros e pensar em tudo o que vivi e o que está por vir naquela viagem e nas próximas. Ou ficar em silêncio, sem pensar, apenas sentir o lugar. Aprendi a lidar com meus sentimentos, reconhecer o que me deixa estressada ou feliz e pelo que vale a pena perder tempo. Definitivamente passei a priorizar situações e pessoas na minha vida e a sensação de liberdade por fazer as minhas escolhas é realmente gratificante.  

5. É melhor ver do que ouvir dizer

Berlim

Eu tinha uma imagem da Alemanha que não condizia com o que eu presenciei quando estive lá pela primeira vez. Imaginava um povo frio e sem paciência para receber turistas, isso por todas as situações vividas em todas as guerras e conflitos registrados nos livros e documentários sobre o país. Quando cheguei a Berlim em um dia de muita neve, me deparei com pessoas muito educadas e dispostas a me ajudar. Consegui me virar muito bem, mesmo não falando uma palavra em alemão. Claro que falar inglês me ajudou muito, porém conheço muitas pessoas que viajam sem falar nem mesmo o inglês e conseguem fazer tudo o que planejam. 
Entendo que é preciso estar aberto ao novo e querer conhecer as diversas culturas, deixar de lado os estereótipos e pré-conceitos e abrir o coração para o que as pessoas têm a mostrar. Passei a observar sem julgar e isso tenho praticado em minha vida diariamente. Não precisamos conviver com quem não nos identificamos, porém devemos aceitar que cada um escolhe a maneira como quer viver e, na maioria das vezes, é melhor não entrar em conflito para ter paz. Melhor ter paz do que ter razão. Li isso em algum lugar.

6. A vida é mais simples e prática do que imaginamos

Edimburgo

Passei a me importar muito menos com as aparências quando estou viajando e tenho trazido isso para a minha vida. Levo poucas roupas em uma mala pequena ou média, dois sapatos e pouquíssima maquiagem. Consigo ficar até um mês com isso e não sinto falta de variações para aparecer em fotos, pois fico tão encantada com o lugar, que acordo pela manhã e me arrumo rapidamente para sair para passear. 
Tenho adotado um estilo mais minimalista, guardo poucos objetos, somente os que têm função ou os que me fazem feliz. O livro "A mágica da arrumação", da Marie Kondo, me ajudou com essa mudança de pensamento, também: menos coisas e mais experiências. 

7. O um bom livro pode ser um ótima companhia

New York Public Library

Horas no aeroporto ou no avião, ou mesmo em um café ou praça, passam rapidamente quando estamos lendo um bom livro. Há os que prefiram o e-books e os que ainda não abrem mão do em papel. Não importa o formato ou o gênero, o livro sempre irá transportá-lo para um mundo de sonhos e aventuras e, quem sabe, dará sugestões para novos destinos. 
Gosto de visitar as bibliotecas e livrarias dos lugares que visito, tomar um café, olhar os livros antigos e os lançamentos e apreciar a arquitetura das construções. 

8. Eu sou a dona da minha vida e decido o que é melhor para mim

Bruxelas

Quando volto das viagens, trago na bagagem muitas experiências e mais confiança em mim mesma. Sabe aquela sensação de que eu posso tudo e faço o que tiver vontade? Pois é assim que tenho me sentido e evoluído ao longo dos últimos anos. Tenho família, amigos, trabalho, responsabilidades, mas sou eu quem decide o que é melhor para mim. Não faço coisas por obrigação, nem convivo com pessoas que não me acrescentam. Sinto-me mais tranquila, ao tomar decisões que afetarão a minha vida e o meu futuro. Não tenho medo de ficar sozinha, faço programas sozinha, vou ao cinema sozinha, coisas inconcebíveis para algumas pessoas. 
Tenho problemas e inseguranças, porém aprendi a lidar com eles de uma forma mais leve e procurar ajuda, sempre que preciso, seja de um profissional ou de um ombro amigo. Choro e fico chateada quando algo sai errado e aprendo a fazer diferente da próxima vez. 
Imprevistos fazem parte da vida, voos atrasados, escolhas erradas, perdas financeiras, enfim, há coisas que fogem ao nosso controle. Podemos controlar, no entanto, a maneira como lidamos com as surpresas e as dúvidas que a vida nos traz. 
 Na dúvida, viaje! Na certeza, viaje! Viaje sempre!








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